PNUD apoia cooperativas baianas
Fortalecer a competitividade das cooperativas baianas a partir da implementação da Agenda 2030 e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e contribuir para a geração de ocupação e renda são o objetivo de projeto firmado entre Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado da Bahia (Sescoop/BA).
Com prazo de 24 meses e R$2,6 milhões em investimentos, o projeto produzirá diagnósticos sobre a realidade do sistema cooperativista baiano e elaborará de forma participativa estratégias de sustentabilidade e competitividade para 60 cooperativas integrantes da iniciativa, que receberão oficinas de capacitação e assessoria técnica.
O objetivo é impulsionar a Agenda 2030 nas atividades cooperativas, ampliar produção, rentabilidade e acesso a novos mercados. Os diagnósticos serão seguidos de capacitações em áreas demandadas pelas cooperativas que, por sua vez, serão apoiadas com assistência técnica. Por fim, será efetuada a avaliação de impacto e compartilhadas as boas práticas construídas.
“Por natureza, o cooperativismo é uma atividade solidária. E essa atividade tem total sinergia com o PNUD e os ODS, por envolver cooperação e não deixar ninguém pra trás”, afirma o coordenador do Escritório do PNUD em Salvador, Leonel Neto.
“Há na Bahia uma assimetria socioeconômica muito acentuada. Cerca de 80% do ICMS é gerado no entorno metropolitano de Salvador. A expectativa com esse projeto é chegar ao interior, às comunidades nas quais as cooperativas são a principal fonte de renda, para melhorar a capacidade produtiva, a competitiviade, mostrando que ser sustentável dá certo”, complementa.
Assim como os demais estados brasileiros, a Bahia foi fortemente afetada pela pandemia de COVID-19. O Produto Interno Bruto (PIB) do estado teve queda de 8,7% no segundo trimestre de 2021 na comparação com o mesmo período de 2020, a maior queda da série histórica, segundo a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).
Nesse contexto, o cooperativismo ganha relevância por sua capilaridade e pela capacidade de gerar ocupação e renda. No Brasil, existem 4,8 mil cooperativas e cerca de 14 milhões de cooperados, atuando em setores como saúde, transporte, consumo, trabalho e bens e serviços, agricultura, crédito, entre outros.
Na Bahia, mesmo diante do cenário econômico adverso, 17 cooperativas de agricultura familiar geraram em 2020 faturamento de R$ 44,7 milhões, garantindo renda direta a cerca de 5 mil famílias agricultoras, com a comercialização de produtos derivados do cacau, mandioca, umbu, caju, licuri, abacaxi, banana, café, milho, leite, além de pescados, caprinos e ovinos.
O estado tem amplas extensões territoriais onde o cooperativismo é a única ou principal atividade atividade econômica relevante. Entretanto, os desafios permanecem, sendo o principal deles a necessidade de ampliar a capacidade de as cooperativas se tornarem mais competitivas, e comercializarem seus produtos e serviços para outros estados ou mesmo para outros países.
“Sobretudo na área agrícola e agropecuária, existem muitas cooperativas que são a principal atividade de cidades do interior, mas que enfrentam as dificuldades habituais de pequenas organizações: falta de acesso ao crédito e limitadas capacidades gerenciais”, diz Neto. “O projeto vai apoiar esses produtores, que têm elevada expertise técnica, muitas vezes acumulada por diversas gerações familiares, mas que precisariam de apoio adicional para algumas práticas gerenciais.”
Para o presidente do Sindicato da Organização das Cooperativas do Estado da Bahia (OCEB), as cooperativas baianas já trabalham os ODS em seus objetivos estratégicos, incluindo a igualdade de gênero (ODS-5) e o trabalho decente (ODS-8). “O projeto com o PNUD vem no sentido de aperfeiçoar essa estratégia”, afirma.
“As metodologias adotadas pelo PNUD vão nos ajudar a fazer com que as cooperativas tenham mais profissionalismo na área econômica, sem deixar de lado as características sociais”, declarou. “Pesquisas já mostraram que onde existem cooperativas a desigualdade é menor, e o desenvolvimento econômico é maior. A cooperativa é um ente que atrai pessoas para o mercado com melhores condições de trabalho.”
Tecchio lembra que existe diversidade entre as cooperativas baianas, que trabalham com produção rural, saúde, educação, prestação de serviços, como táxi e motoristas, dentre outros. Segundo ele, algumas têm adotado novas tecnologias tanto para ampliar sua produção como para facilitar a venda de serviços.
Para o Sescoop/BA, identificar os desafios, especialmente em meio à crise sanitária e socioeconômica, ajudará as cooperativas a oferecerem respostas rápidas para novos modelos produtivos e de comercialização, com foco em inovação, sustentabilidade e questões socioambientais. Outro objetivo é fomentar a cultura cooperativista e aperfeiçoar processos de gestão e governança, de forma a fortalecer a atividade econômica no interior da Bahia.
“O diagnóstico vai permitir modelagem das capacitações e identificar boas práticas, partindo da constatação de que existe conhecimento prévio que precisa ser fortalecido e divulgado”, explica Neto. “A sustentabilidade deve ser vista não somente só por conceitos mais amplos, mas também do ponto de vista negocial. Ao adotar os ODS, a cooperativa pode acessar novos mercados e passa a ter uma imagem mais positiva para a sociedade, com valor agregado e melhor acesso a crédito.”
Os empreendimentos participantes serão selecionados por meio de processo baseado em critérios geográficos, setoriais e de impactos socioeconômicos. O projeto também terá recorte de gênero e raça, priorizando cooperativas lideradas por mulheres e pessoas negras.
O Sescoop/BA é vinculado ao Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo, instância presente em todos os estados brasileiros, promovendo a autogestão e difundindo a cultura cooperativista, com a missão de aperfeiçoar a governança e a gestão das cooperativas do país. Atua tanto no monitoramento das cooperativas, em sua formação profissional e na promoção social dos cooperados e de suas comunidades.
No Brasil, o Sescoop tem atuado em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), que representa nacionalmente o cooperativismo brasileiro, reunindo e fortalecendo os interesses do setor por meio de suas unidades estaduais.